É preciso lavrar como eu lavrei
e amar como eu amei
Amores de semente e suor.
E levantar-se pela madrugada
para saber se o amor germinou.
É preciso escavar a terra em pedras
e carpir e carpir a roça em cardos.
E depois perscrutar o céu sem nuvem,
e as nuvens refugindo sem chover,
e aspirar fundamente o ar da noite,
na ansiedade de avaliar o orvalho,
e também afundar as mãos na terra
à procura de alguma fresquidão.
É preciso rezar que as chuvas parem,
quando se afogam os rebrotos tímidos.
E ficar horas e horas à vidraça
à espera de um vôo no aguaçal.
É preciso sentir a terra gretada,
sofrer a terra combusta,
raspada,
roubada na enchente.
E, depois de perdida a safra inteira
amar uma vez e outra vez.
Apenas porque é preciso.
Antônio Fagundes
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
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