É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial dos artigos deste blog.
Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do código penal e pela Lei 9610/98
que rege os direitos autorais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Desejo




Pois desejo primeiro que você ame e que amando,
seja também amada.
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo
não guarde mágoa.
Desejo depis que não seja só, mas que se for, saiba
ser sem deseperar.
Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e
inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis.
E que pelo menos um deles voce possa confiar e que
confiando não duvide da sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo aindaque você tenha
inimigos, ne muitos, nem poucos, mas na
medida exata para que algumas vezes você se
interpele sobre suas próprias decisões.
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo
para que voc~e não se sinta demasiadamente segura.
Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente
útil, mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram
pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram
muito, e irremediavelmente.
E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em
permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela
você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça demais e que sendo
maduro não insista em rejuvenescer, e que sendo velha
não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso
deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um
mês e muito menos uma semana, mas apenas por um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário
é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é
insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência acima e a
despeito de tudo, talvez agora mesmo, mas se for
impossível amanhã de manhã, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes.
E que estão a sua volta, porque seu pai aceitou viver com eles.
E que eles continuarão à volta dos seus filhos, se você achar
a convivência inevitável.
Desejo ainda que você ataque um gato, que alimente um cão e
ouça pelo menos um joão-de-barro erguer seu canto matinal.
Porque assim você se sentirá boa por nada.
Desejo também que você plante uma semente por mais ridícula que
seja e acompanhe o seu crescimento dia a dia, para que
você saiba de quantas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser
prático. E que pelo menos uma vezvocê ponha uma porção
dele na sua frente e diga: Isto é meu...
Só para que fique claro quem é dono de quem.
Desejo, ainda, que você seja frugal, não inteiramente frugal,
não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que essa fragilidade não impeça você de abusar quando o
abuso se impor.
Desejo, também, que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por
você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se culpar
e sofrer sem se lamentar.
Desejo por fim que, sendo mulher, você tenha um bom homem, e que
sendo homemtenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, e mais uma
vez e novamente de agora até o próximo ano acabar.
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham
amor para recomeçar.



Victor Hugo

Um comentário:

  1. Uauuu que texto maravilhoso. Grande Victor Hugo seus textos e poemas são magnifícos!

    ResponderExcluir