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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Deixo-te




Deixo-te, filho, ao despedir-me agora, a espada

de prata do meu sonho, armadura de aço do meu

sonho, o corcel flamejante do meu sonho, a busca,

sempre a busca, do meu sonho. Deixo-te as nuvens,

pelo azul viageiras, e em meu jardim abelhas, beija-

flores, cigarras, borboletas e perfumes, os girassóis

fiéis somente à luz, e as árvores - tão poucas! -

que plante para os ninhos e as sombras em carícia,

e a música das brisas, ao luar. Deixo-te, mais,

alguma solidão, para que encontres, face a face a Deus,

e tranquilo, te olhes, nos teus olhos, por não teres

perdido a identidade. Piedade, ainda, eu te deixo, meu

filho, por ti, por mim, e pelos homens todos,

arrastados da fome insaciável de alturas, mas

prisioneiros, sempre, do anseio de pecar.




Antônio Fagundes

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